(Atualizado em 19/6/2020)
Como voltei a pintar só para me aliviar da rotina maçante de jornalista, meu primeiro contato com a técnica da aquarela foi num papel Canson com gramatura 180, que nem era para aguadas lógico!, mas que tinha certa firmeza. Eu não peguei o material e pensei: “vou fazer uma aquarela…” A coisa aconteceu e cá estou, com um blog sobre isso… Naquele momento da vida a aquarela era uma válvula de escape, nada mais.
Mas, anos depois, percebo que me entregar às situações imprevistas ocasionadas por essa técnica foi uma forma que o universo encontrou de me forçar a fluir, sair da zona de conforto e me arriscar a fazer o que, aparentemente, nasci para fazer: pintar <3
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Mas se você tiver tempo para planejar esse primeiro contato, use um papel apropriado, com gramatura a partir de no mínimo 250 (dicas e valores de quais adiante). Para pinturas mais aguadas o melhor é a partir de gramatura 300, sendo que há no mercado papeis aquareláveis com mais de 450 gramas. Se não tiver, improvise e se jogue! Afinal, toda experiência é válida!
O receio, a insegurança e o desconhecimento sobre essa técnica de pintura eram tantos que eu primeiro desenhava e pintava tudo certinho – volume, luz, efeitos – a seco, com o lápis de cor aquarelável, e só depois que vinha com o pincel apenas úmido por cima. Das primeiras pinceladas mais molhadas para o vício em aquarela foram poucos dias, pois me encantava mais e mais com a diluição das cores e as infinitas possibilidades que isso proporciona. A cada vez que encharcava mais os pinceis improvisados, mais ia me soltando e aprendendo com os erros e acertos próprios de quem é autodidata.
Sem saber, com o lápis de cor eu estava praticando os primeiros exercícios passados em oficinas de aquarela, que frequentei em 2015 e que me despertaram para a necessidade de aperfeiçoamento na técnica.
DICA: Fazer várias oficinas e ver vídeos de outros aquarelistas é sempre bom, pois sempre se tem algo para aprender com o outro!
Tente riscar, cobrir, pintar e mesclar cores com lápis de cor e depois vir com o pincel úmido/molhado. Esta etapa é essencial para começar a se ter noção da quantidade de água com que se carrega o pincel e o peso que se coloca nele ao ter contato com o papel, pois esses dois “comandos” irão definir os resultados.
Por exemplo, mais água sobre um local coberto por completo de pigmento irá “clarear”, enquanto que menos água na mesma situação irá fortalecer a cor. Quando se aperta muito o pincel sobre o papel, se tira cor – dessa maneira pode-se alcançar efeitos de luz ou corrigir errinhos, mas cuidado, também pode estragar/arranhar o papel. Sugiro um exercício bem simples, como o da foto, para começar a ter certa intimidade com a aquarela.
Essa introdução enorme e nostálgica é apenas para tentar mostrar que cada um tem seu tempo e jeito para aprender e se entregar ao novo e que o segredo é fazer com o que se tem em mãos.
Costumo brincar que a aquarela é uma técnica temperamental por excelência e que é preciso buscar sua intimidade e confiança, feito gente tímida. Meu começo com a aquarela foi bem assim. Eu vivia em crise porque queria “controlar” tudo no processo e na vida, até que com orientação de uma professora fui me soltando e deixando o danado do perfeccionismo um pouco de lado. Aprendi a dosar essa busca pela perfeição para perceber/valorizar o fluir da aquarela.
Deixando de delongas…
Primeiros materiais + média de preços
Papel:
Bloco Canson Universitário Aquarela 300grs A4 c/12 folhas | média de R$ 20,00 (É o mais básico, mas dá para começar a “brincar” nele. Ideal para estudos, pelo custo benefício, esse papel tem duas texturas, uma lisa, que faz a aguada deslizar e demorar mais a absorver a umidade (o que é ótimo para quem ainda precisa de mais tempo para conseguir resultados) e outra com volume riscado na vertical, um pouco mais poroso. É bom para iniciantes porque a tinta demora um pouco mais para secar. (Eu não gosto desse lado…)
Canson XL Aquarelle 300grs A4 c/30 folhas | Também para estudos iniciais, o XL Aquarelle é, a meu ver, melhor que o da linha universitária. A textura dele é granuladinha e tem a vantagem de vir num bloco com espiral, o que facilita o manuseio e a organização. Até hoje o uso para trabalhos em A3, por ter um preço mais acessível, e porque é fácil de encontrar em Goiânia.
Canson Montval | Já é considerado uma linha mais profissional para aquarela e, portanto, tem uma qualidade bem superior aos citados acima, embora também não tenha algodão nenhum. Possui dupla textura, ambas granuladinhas, mas uma é mais que a outra. É o que mais uso atualmente para estudos e trabalhos mais basiquinhos. Custa em média o dobro do Canson Universitário, mas compensa o investimento! É mais gostoso de aquarelar nos que citei anteriormente. Suas folhas são no tamanho A+, que é alguns centímetros maior que o A4 comum.
O Canson Montval possui o variante “Torchon”, que eu já usei em trabalhos em A2. Como o bloco desse tamanho é muito caro e eu uso esporadicamente, compro as folhas avulsas numa média de R$ 15,00 cada.
PS.: Todos esses papeis também podem ser encontrados em tamanho maior, como o A3 ou folhas avulsas em grandes formatos.
Tintas, pinceis, lápis de cor aquarelável
1 – Como contei agorinha, meu primeiro contato foi com lápis de cor. Usei os clássicos aquareláveis da FaberCastell, primeiro com 24 cores e depois ganhei de presente do esposo uma caixa com 48 cores. Ainda não experimentei outras marcas porque depois que comecei com as tintas realmente uso muito pouco o lápis, só para alguns contornos muito específicos ou quando preciso de só um pouquinho de determinada cor, aí bate aquela preguicinha de fazer… recorro ao lápis.
Dicas de uso
Você pode:
- a) Colorir com o lápis de cor e depois umedecer o pincel e passar por cima, o que ocasionará a diluição da tinta e consequentemente ressaltará a cor.
- b) Pegar o pincel molhado e passar na pontinha do lápis para pegar o pigmento (não é recomendado mergulhar o lápis na água, porque reduz sua durabilidade, apodrece e etc…)
- c) Apontar o lápis, separar a cor da madeirinha e diluir em água – Isso eu fiz demais, rs. Pode-se dizer que foi meu primeiríssimo contato com tinha.
Tintas
Pentel: Preço acessível (paguei R$ 40,00 em 18 cores, com 24 cores está por volta dos R$ 55,00). Possui paleta a partir de 12 cores em formato bisnaga – você precisará de um godê para guardar certa quantidade de pigmento. Com ela dá para começar a se aventurar pelas misturas de tons (essencial em aquarela) e sobreposição de camadas de transparência – embora seja uma marca de linha universitária, é uma tinta que permite/ocasiona transparência sim, mas deixa certa opacidade.
Ko-Hi-Noor: foram por um bom tempo minhas queridinhas, porque têm cores lindas, pigmentação forte, vem em formato pastilha (que é bom de carregar por aí), preço bacana (média de R$ 50 a R$ 60 por 24 cores). Ah, e tem uma versão delas em cores cintilantes que são um verdadeiro deleite para quem curte cor radiante. Ainda estou aprendendo a usar, porque a textura muda da paleta opaca para a cintilante, que em algumas cores, é perceptível a presença de brilho tipo purpurina, mas beeeem mais finas.
Num primeiro momento, você precisará de 3 tamanhos de pincel, de preferência dos que fazem “pontinha”, chamados de redondos: um pequeno (1 a 4), um médio (6 a 10) e grande (12 em diante).
As marcas que recomendo para iniciar são Keramik e SinoArt, devido ao custo benefício. Os das linhas 311, 705 e 411 da Keramik são de pelo sintético. Salvo engano, gastei menos de R$ 60 para comprar 3 pinceis da Keramik da linha 705 quando comecei.
Vale ressaltar que há outros formatos de pincel para aquarela, que promovem diversos tipos de efeitos e resultados (assunto pra outro texto né?). Particularmente, os que mais uso são os redondos, mas os chatos, língua de gato e o formato leque têm seu valor e podem ser úteis como para preencher grandes espaços, fazer textura e etc. O segredo é usar e abusar para descobrir do quê eles são capazes, rs.
Bem, é isso. Espero ter dado uma luz aquarelada para quem está afim de se aventurar nessa técnica infinita! Deixe suas dúvidas e impressões nos comentários <3