Materiais intermediários e profissionais para aquarela

Atualizado em 16/7/2020

Mais de cinco anos se passaram desde que tive meu 1º contato com a aquarela, via lápis de cor aquarelável. De lá para cá, além de ter aperfeiçoado a técnica, também melhorei significativamente meus materiais.

Nesse ínterim, mudei um pouco de opinião quanto à importância de se investir muito em instrumentos artísticos. No texto sobre materiais para iniciantes, listei itens básicos e de fácil acesso pelo custo-benefício. Alguns deles ainda uso, como é o caso do papel Canson Montval 100% celulose (para dar aulas/estudos/encomendas de técnica mista) e pincéis sintéticos da Keramik linha 705.

Mas, admito, materiais melhores realmente fazem T-O-D-A a diferença no resultado final e no processo de aprendizagem. Isso não significa deixar de se dedicar à aquarela só porque não tem dimdim suficiente para adquiri-los num primeiro momento. Não se dê essa desculpa esfarrapada! Minhas primeiras aquarelas vendidas foram sim (!) com tintas da Pentel e da Koh I-noor em papel 100% celulose da Canson. Claro, o valor delas condizia com minha experiência à época e com os materiais usados. Sempre levo isso em conta na hora de precificar minha arte #FicaAdica

Conforme tenho aprendido mais da técnica, tem surgido a necessidade de buscar materiais melhores. Aos poucos, tenho juntado itens bem bacanas aqui no meu ateliê!

Papel. Invista em papel moeda

(Esse trocadilho bobo tem certo sentido, você verá…)

Idoia Lagabaster, Javier Zorrila, Eudes Correia e Nelson Polzin, primeiros mestres em aquarela que tive (até o momento), foram unânimes em ressaltar, quando os entrevistei, a importância de um bom papel 100% algodão. Usam e recomendam: Arches <3; Sennelier, Canson Héritage; Fabriano; Hahnemühle e Winsor&Newton – esse pode ser encontrado no Brasil em papelarias virtuais maiores, como a Casa do Artista. Muitos ilustradores que acompanho também usam o Canson Moulin du Roy. Deste, gostei mais da versão texturizada. A acetinada é mais indicada para ilustração ciêntifica. Ainda não experimentei o Sennelier e o Winsor&Newton.

[ Importante ressaltar que pretendo apenas repassar uma noção dos valores. Não fiz uma pesquisa de “menor-preço”, por isso não há indicação de lojas específicas, apenas citações. Com os nomes e referências listadas aqui você será direcionado com mais facilidade quando for adquirir seus materiais ]

Canson Héritage Grano Fino 300 g/m²: pago em média R$ 40,00 a R$ 45,00 pela folha A2. Numa busca online encontrei blocos A4 com 12 folhas a partir de R$ 135,00. Eu, particularmente, prefiro comprar a folhona e cortar conforme a necessidade.

Arches Grano fino Cold pressed 300  g/m²: o bloco A3 com 20 folhas está em média R$ 350,00. Sim, eu sei, preço salgadinho. Tive a sorte de comprar de uma pessoa que foi para a Espanha e trouxe, ou seja, cola nos “migos” mochileiros e pede materiais de fora, quase sempre compensa.

Hahnemühle Anniversary Edition Aquarell 425 g/m²: primeiro que usei dessa marca alemã. Foi amor à primeira pincelada, em ambos os lados – um bem liso e o outro lindamente texturizado. 12 folhas está custando em média R$ 70,00 em papelarias online.

PS.: Todas essas marcas de papel possuem variações dentro de cada linha que citei, ou seja, assim como há o Arches grano fino Cold Press (papel texturizado – falaremos + sobre essas especificações noutro post), também há o inverso, que é o Arches grain satiné Hot Press, mais lisinho. Dentre outras muitas variações, mesmo se tratando da mesma marca e da mesma referência.

Mais tinta boa #porfavor

Abstrato que fiz em Canson Héritage A2 (tem vídeo no IGTV) do @ketllynfernandes.atelie
Escolar

Tintas muito escolares (Faber-Castell e Talens Art Creation, só para citar) não misturam cores para criar outras – algo essencial para a técnica – e quando o fazem, a cor não fica lá essas coisas; dentre outros contras, como a baixa diluição e falta de brilho e transparência, além da durabilidade da cor no papel.

“[…] Vamos todos Numa linda passarela / De uma aquarela / que um dia enfim Descolorirá”.

Acho que era de tinta escolar que Toquinho falava.

Pentel e Koh I-noor são escolares “melhorzinhas”, mas muito opacas e também com os probleminhas citados acima. Mas se é para brincar ou iniciar com o que é possível, dá sim – é neste ponto que minha opinião não mudou. Tenho alunos que ainda usam da Pentel e conseguem resultados ótimos. Recentemente atualizei a lista de materiais que peço aos meus alunos e substituí a linha escolar (indicava Pentel) pela estudante (Winsor&Newton Cotmam) ou equivalente.

Partindo para um viés de tinta intermediária foco deste post, compensa muito adquirir a linha Cotman da Winsor&Newton para seus primeiros estudos ou para começar a avançar para materiais melhores. Outras opções são LUKAS Aquarell Studio e Talens Van Gogh.

Pago uma média de R$ 25,00 por tubo/bisnaga da Cotmam Winsor&Newton e da Van Gogh aqui em Goiânia, na papelaria Universitária da “Léo”, perto do Hospital Araújo Jorge – não é merchan, é carinho mesmo!

Essas mesmas marcas também têm a linha estudante em estojinhos. Pesquisa rápida na internet e encontrei um com 12 cores da Lukas Studio por R$ 230,00 – valor médio dos estojinhos da Winsor&Newton Cotman também.

Profissional

Atualmente, transito entre tintas da linha estudante e profissional (tenho cores em separado de todas as citadas). No final de 2017 comprei no site Jacksons’Art um estojo de 12 cores da Sennelier. Custou alguns Euros – à época, uns R$ 360,00.

Apesar de prático para viagem e plein air, hoje em dia prefiro godês e tintas bisnagas a estojos de pastilhas, pois facilita na hora de controlar o grau de diluição da tinta para aplicação da técnica “Chá, leite,mel”.

A Sennelier merece um parágrafo à parte. Só quem já usou sabe o quanto são lindos a diluição, a cor, o brilho, a transparência e a permanência dessa marca, que usa mel como matéria-prima aglutinante. Agora, volte ao parágrafo anterior e foque em QUANDO as comprei. Isso mesmo, em 2017. Dura muito, ou seja, o “caro” é relativo quando o assunto são tintas aquarela.

Quando se fala em aquarela de alta performance, a linha profissional da Winsor&Newton não pode ficar de fora. A marca está no mercado desde 1832, quando foi fundada por William Winsor e Henry Newton. Até o momento, não paguei menos de R$ 55,00 numa bisnaga avulsa de só 5 ml, enquanto a linha cotimam tem 16 ml e sai menos de R$ 30,00… Tenho um Gris de Davy há 2 anos, ou seja, tamanho não é documento quanto à durabilidade (dependendo da quantidade de uso, claro)

No mais, nessa mesma faixa de preço e com as mesmas especificações positivas estão as aquarelas da Rembrandt.

Ou seja, até este momento, minhas tintas do coração são da Sennelier, Winsor&Newton e Rembrandt.

Pincéis

Cerdas sintéticas

Ainda indico e uso pincéis sintéticos da linha Keramik 705. Não perdem em nada para a linha sintético Perla da renomada Escoda (que eu também sou fã, mas economizar é sempre bom né?). Neste caso é mais complicado falar em valores, já que varia conforme o tamanho do pincel.

Por exemplo, um Keramik 705 tamanho 12 custa cerca de R$ 54,00, enquanto um Escoda Perla 12, no site da própria marca, custa 22,00 Euros – R$ 94,00 ( em 23/01/2019). Eu não sabia disso então tenho um Perla sintético tam 6, sendo que eu já tinha um da 705… Talvez o Perla da Escoda demore mais para abrir as cerdas, mas penso que isso depende mais do quão cuidadosa (o) você é com seus materiais.

Cerdas Naturais

My precious!

Para aquarela, geralmente usa-se pelos de Martas e de Esquilos, pois as cerdas precisam ser macias para reter água. Esse é um ponto bem delicado para mim, que gosto muito de animais… Esse tipo de pincel, sobretudo os de Marta Kolynsky, são considerados raros, e portanto, são bem caros. Essa espécie não está em extinção (ainda), e em alguma localidades é preciso até fazer controle, mas isso não ameniza a consciência…

Há controvérsias quanto à forma como esses pelos são coletados. Há casos de criações de Martas para abate e no caso da Kolynsky, são feitas armadilhas. Muito provavelmente não se pega apenas a pelagem macia de forma artesanal para fazer os pinceis, ou seja, muito desses animais são de fato abatidos =(, pois a pele também é apreciada. Então não tenho muitos de pelos naturais.

Mas voltemos. A Keramic tem a referência 20, feito artesanalmente. Além de muito bonito, é bom. O meu nº 3  custou R$ 60,00. O nº5 sai em média por R$ 80,00. E conforme vai aumentando a numeração o valor é reajustado. Não é difícil encontrá-lo em papelarias e casas de artigos para artistas, é uma marca bem conhecida. Na internet, IDEM.

Adquiri pela Jacksons’Art um conjunto de 3 pincéis Escoda Kolinsky-Tajmyr, reserva, tamanhos 2, 6 e 10 por R$ 300,00 (56,00 Euros). De outubro até Janeiro de 2019 esse estojo ainda não tinha voltado para o estoque. São pincéis de alta performance e separados o valor pode aumentar consideravelmente: 128,00 euros = R$ 548,00. O que posso dizer é que compensa o investimento. É uma das linhas indicadas pelo Eudes Correia e, de fato, as cerdas retêm água numa quantidade que ajuda bastante os processos.

Bem, é isso. Esses são os materiais que tenho e a tendência é sempre buscar por itens melhores, cada um de acordo com a sua realidade e necessidade.

Me conta aí nos comentários o que achou do texto – para eu me orientar quanto aos próximos  – e se tiver algo a acrescentar, ficarei feliz em saber.

Estamos aqui para somar =)